Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro
IMSA obra tem sua inspiração nos levantamentos iniciais de fotógrafos atuantes no Brasil constantes de Origens e Expansão da Fotografia no Brasil; século XIX; representa, pois, uma seqüência natural ao estudo referido. Nos anos que se seguiram àquela publicação dedicamo-nos a ajustes, correções e acréscimos ao levantamento inicial, cada vez mais consciente, porém, que um amplo rastreamento da atividade fotográfica, elaborado de forma sistemática — através de coleções particulares e públicas e de uma minuciosa pesquisa de periódicos das diferentes regiões do país — se fazia necessário para que o mesmo viesse a se constituir, efetivamente, numa fonte de referência segura e bem alicerçada, ponto de partida para estudos multidisciplinares.
Entre o banco de dados criado a partir da massa documental levantada e elaborada de forma que reunisse informações sistematizadas sobre a fotografia no Brasil em seus múltiplos aspectos passou-se muito tempo, cerca de 10 anos; outros 10 anos foram necessários para modelar essa obra em forma de um dicionário: trata-se do Dicionário histórico de fotógrafos e do ofício fotográfico no Brasil (1840-1910), que se constitui em nossa tese de livre docência, defendida em 2000, junto ao Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Pouco depois aquele trabalho acadêmico, acrescido de novos dados, e devidamente reformulado, deu lugar à edição da presente obra.
O dicionário não contempla apenas os fotógrafos, embora sejam eles os protagonistas desta obra. Foram recuperados, também, os principais estabelecimentos que importavam e comercializavam produtos fotográficos, atividade fundamental para o desenvolvimento do ofício fotográfico no país; ainda um outro tipo de comércio foi pesquisado: o da difusão de imagens fotográficas (originais ou impressas), nacionais ou estrangeiras as quais eram encontradas em lojas, livrarias e demais pontos de venda, que anunciavam e se ocupavam da distribuição de tal produto cultural. Nesses locais o público se habituou a consumir imagens familiarizando-se com as feições de imperadores, guerreiros, atrizes, vistas de cidades, paisagens e uma infinidade de outros temas que compunham a iconografia do lazer e do conhecimento veiculada através dos mais variados suportes: cartes de visite, imagens estereoscópicas obtidas em vidro ou em papel; chapas de vidro positivas para projeção em “lanternas mágicas”, cartões-postais, álbuns e revistas ilustradas etc.
O levantamento subjacente a pesquisa cobre praticamente todo o território nacional. O resultado das investigações pelas diferentes regiões forneceu os elementos para a montagem de um mapeamento preliminar da atividade fotográfica no Brasil. O citado mapeamento constitui-se de um conjunto de tabelas organizadas por províncias/estados, década por década, entre 1840 e 1910. Essas tabelas possibilitam uma imediata visualização do fenômeno da expansão da fotografia no país, assim como os participantes desse processo do ponto de vista de sua produção. Os levantamentos conduzidos nos acervos dos arquivos públicos e privados, bibliotecas e demais instituições permitiram obter, também, um mapeamento inicial da documentação iconográfica produzida pelos fotógrafos do passado. As referências a essas coleções foram incluídas nos verbetes de forma a orientar os pesquisadores e as próprias instituições no sentido da localização dessas fontes.
A elaboração do Dicionário só foi possível em função de uma ampla pesquisa de fontes. Dentre as várias fontes escritas e iconográficas utilizadas, os periódicos da época (representados basicamente pelos jornais e almanaques locais) se constituíram em referências essenciais pelo tipo de informações contidas acerca dos fotógrafos. Seus anúncios publicados tanto nas capitais mais importantes como nas localidades mais afastadas do país se prestaram a divulgar estilos e métodos, técnicas e habilidades, preços praticados, além de suas trajetórias: as épocas em que operaram em uma ou mais localidades durante determinado intervalo de tempo. Foram os anúncios dos periódicos fundamentais para a realização do dicionário, seu alicerce e estrutura.
Um dicionário sempre será uma obra em processo pela sua própria natureza de reunir informações que se vêm complementadas e corrigidas de tempos em tempos na medida em que novas pesquisas são encetadas e novos dados surgem. Trata-se de obra de referência que tem estabelecido inúmeras pistas que vem sendo perseguidas por outros pesquisadores. O Dicionário contribui, assim, para a história da fotografia no Brasil, posto que são recuperados os autores que documentaram a aparência do meio natural, rural e urbano e retrataram os representantes dos diferentes segmentos da sociedade brasileira; um universo de registros que preservaram a feição do país em seus múltiplos aspectos. Contribuíram esses fotógrafos — grande parte dos quais se viram retirados do anonimato — para a formação de uma memória visual dos cenários e personagens do Brasil do século XIX e princípios do século XX, documentação imprescindível para a construção do conhecimento. Além disso, a característica multidisciplinar da obra traz elementos de apoio a diferentes áreas das ciências humanas na medida em que proporciona subsídios para a identificação das imagens do passado constituindo-se assim numa chave de decifração das mencionadas fontes fotográficas.
Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro
Local São Paulo
Ano 2002
Edição 1ª
Acabamento Capa dura
Páginas 408
ISBN 85-86707-07-4